Doenças como dengue, chikungunya e febre amarela têm sintomas parecidos, mostra estudo 1j35

O termo “arbovirose” vem do inglês arthropod-borne virus disease, e faz referência a doenças virais transmitidas por artrópodes, como mosquitos e carrapatos – por exemplo, dengue, zika, chikungunya, febre amarela e febre do Oropouche. Cerca de 4 bilhões de pessoas no mundo vivem em risco de contrair alguma dessas infecções, segundo a OMS – Organização Mundial da Saúde. Só de dengue, em 2024, foram registrados 12,6 milhões de casos na região das Américas. No Brasil, os casos aumentaram 300% entre 2023 e 2024, ultraando 6 milhões de notificações, com 6 mil óbitos.

Os mosquitos são responsáveis pela maioria das arboviroses, principalmente o Aedes aegypti, transmissor da dengue, Zika e chikungunya. Apesar dos sintomas semelhantes, algumas características ajudam a distinguir as doenças: na dengue, a febre alta (40°C) de início súbito está sempre presente; na chikungunya, as dores articulares são muito mais fortes; e na infecção por Zika, a febre é baixa e há muitas manchas vermelhas no corpo acompanhadas de coceira intensa. Quando acomete gestantes, o vírus Zika pode causar microcefalia em recém-nascidos.

O Aedes aegypti também transmite a febre amarela urbana, mas esse meio de transmissão não é registrado no Brasil desde 1942. A febre amarela de origem silvestre, por outro lado, é transmitida por mosquitos dos gêneros Sabethes e Haemagogus, comuns em regiões de mata. A doença, que é prevenível por vacina disponível no SUS, pode causar febre de início súbito, calafrios, dor de cabeça intensa, dor nas costas, náuseas e fraqueza.

Já a febre do Oropouche, doença endêmica da Amazônia que tem se disseminado por outros estados brasileiros desde o ano ado, é transmitida pelo Culicoides paraenses, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. Os sintomas incluem dor de cabeça, dor muscular, dor nas articulações, náusea e diarreia.

No Brasil, existe ainda a doença de Mayaro, endêmica da região amazônica e transmitida principalmente por mosquitos do gênero Haemagogus. As manifestações da doença são parecidas com as da chikungunya, como febre alta (39°C a 40°C), dor de cabeça, dor nas articulações, calafrios, mal-estar e manchas vermelhas no corpo.

Outro tipo de arbovirose, que não ocorre no Brasil, é a encefalite transmitida por carrapatos, endêmica na Europa e na Ásia. Prevenível por vacina, a infecção é causada por um vírus transmitido pela picada de carrapatos do gênero Ixodes, que habitam bordas de florestas. Embora a maioria dos quadros seja assintomática, pode ocorrer febre, dor de cabeça, mal-estar, dor no corpo, náusea e vômito. A letalidade chega a 40% em casos graves que acometem o sistema nervoso central.

Como os artrópodes transmitem os vírus?
Mosquitos e carrapatos são artrópodes hematófagos (que se alimentam de sangue) e carregam o vírus após picarem uma pessoa ou animal infectado. Uma vez dentro do organismo do mosquito ou do carrapato, o patógeno se replica e se espalha, atingindo as glândulas salivares. Depois, quando o artrópode pica outro indivíduo, o vírus é introduzido no novo organismo por meio de sua saliva, e o ciclo de transmissão se repete.

Além de vírus, artrópodes hematófagos podem abrigar outros tipos de patógeno, como bactérias, protozoários e nematoides, causando doenças que não entram na categoria de arboviroses. É o caso do carrapato-estrela, que transmite a bactéria responsável pela febre maculosa, e do mosquito Anopheles, que transmite o protozoário da malária. Mesmo infectados, os artrópodes não ficam doentes, pois seu sistema imune dá conta de protegê-los.